segunda-feira, 20 de novembro de 2006

A Auto-suficiência

A AUTO-SUFICIÊNCIA

“Auto-suficiência” é um termo muito usado para descrever uma condição de vida que é muito mais independente da de do sistema que a vida moderna normal. Ser totalmente auto-suficiente é ter a capacidade de produzir todas as necessidades: alimento, ferramenta, vestimenta e moradia.

Não subscrevemos a mentalidade de fortaleza isolada de um enfoque totalmente auto-suficiente, mas acreditamos em projetar para toda a sociedade humana.

A auto-suficiência em alimentos não é tão fácil de obter, como parece. Se os materiais, substâncias químicas, sementes e ferramentas necessárias são na maioria importados, então a auto-suficiência em alimento é uma ilusão. Por exemplo, uma grande quantidade de animais sustentada com comida comprada, ou um campo de trigo arado por um trator complexo acionado com petróleo significa pouco em termos de independência; esta é a atual condição da sociedade.

A independência em outras áreas que não comida é extremamente difícil para grupos pequenos. Ademais, a auto-suficiência global não tem sentido como objetivo, mas a redução da dependência de um sistema industrial mais amplo pode ser executada em grande parte, reduzindo a necessidade das pessoas trabalharem na sociedade industrial e consumir seus produtos. Assim, a energia disponível dos combustíveis fósseis pode ser liberada para usos essenciais, e não supérfluos.

Como diz Peter Bunyard, a auto-suficiência tende a ser insular e destrutiva. Mais relevante e realista é a cooperação comunitária. Quando as pessoas se estabeleceram numa área, deveriam evoluir uma rede complexa de recursos, habilidades e necessidades, com alguma especialização. Esta interdependência dentro de uma pequena região e independência em relação com regiões mais distantes acabará se estabelecendo com o tempo, numa quadro de referência permacultural.

Nas cidades e comunidades, ferramentas, vestimentas e moradia são abundantes, e é ali que mais devemos considerar a sobrevivência grupal em termos de alimentos, e desenvolver a permacultura para uso direto do homem. Assim, a agricultura em ampla escala pode ser voltada para a provisão de combustível para a rede de transporte regional, usando álcool enquanto combustível renovável, por exemplo, ao invés do petróleo.

Alguma especialização de algumas plantas inevitavelmente ocorrerá à medida que elas demonstrarem sua adequação a um solo, nicho ou regime climático em particular, e assim se estabelecerá a base para um comércio local, baseado em fatores mais ecológicos do que econômicos. Em menor escala, uma pessoa apenas com espaço suficiente para uma vinha produtiva ou um só cultivo de árvore poderá comercializar e obter produtos mais variados de seus vizinhos.

Numa permacultura em desenvolvimento, logo se evidenciará que centros locais para o processo do óleo, farinha, produtos medicinais, sabão, etc., se desenvolverão e as regiões, destarte evoluirão padrões individuais para seus produtos, evolvendo mais e mais pessoas em trabalho útil em dedicação parcial e integral à medida que o sistema secundário de produção se desenvolve. O âmbito da produção local e de especialidades é tão variado quanto a permacultura.

Fonte: MOLISSON, Bill; HOLMGREN, David. Permacultura Um : agricultura permanente nas comunidades em geral. Ed. GROUND, p.26, 1983.

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